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sexta-feira, 19 de junho de 2020

Doutrina bíblica e ética cristã

Pr. João Arantes Costa 

Estamos começando uma série de lições que enfocam um dos assuntos mais importantes da vida cristã: o comportamento da pessoa salva, dentro e fora da igreja. O estudo ao qual nos propomos nesta revista é a ciência dos deveres do homem, que chamamos ética.

A missão dada por Deus ao homem para que este cumpra na terra é o tema central da ética. Nela são tratadas todas as coisas que se relacionam com a descoberta e o cumprimento dos deveres do homem. Pelo estudo da ética descobrimos a nossa razão de ser; a razão de todas as nossas inteligências e faculdades, e, ainda mais, os princípios que nos devem governar enquanto vivemos.

A doutrina bíblica exige uma ética cristã; a última não sobrevive sem a primeira. Paulo diz: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados” (Ef 4.1). Andar de modo digno é a ética; vocação a que fostes chamados é a doutrina.

O que fazemos não pode estar desvinculado do que cremos. A doutrina bíblica mostra nossa posição em Cristo e a ética determina nosso comportamento em Cristo. Com base em nossa doutrina bíblica é que formulamos os deveres que temos em nosso contexto cultural. Vamos observar três aspectos. 

1. Ética individual . A que trata do dever do homem para consigo mesmo.

2. Ética social. A que trata do dever do homem para com o seu próximo.

3. Ética teísta. A que trata do dever do homem para com Deus.


I. Ética individual

Para o cumprimento da sua missão moral é indispensável ao homem manter-se como ser vivo com todos os poderes desenvolvidos na sua integridade. Por isso, o seu principal dever é a conservação dos próprios poderes. Paulo chama a atenção de Timóteo para esse fato, quando diz: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1Tm 4.16). 

Desde o momento em que o homem reconhece sua missão, e que, para cumpri-la, precisa de todos os dons naturais recebidos do Criador, ele tem de admitir que é primordial conservar tais poderes, pelos quais há de realizar sua tarefa neste mundo. Paulo, ao longo das epístolas, enfatiza a necessidade do cristão ter cuidados especiais consigo: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus” (Ef 5.15,16).

O ser humano precisa defender-se de três inimigos: a morte, a doença e a pobreza. Precisamos enfrentar corretamente esses três inimigos, que procuram por todos os meios nos cercar e impedir que cumpramos a missão a nós designada. O dever do homem para consigo prende-se à continuação da vida, à conservação da saúde e ao bem-estar socioeconômico.

Para o cristão, a ética individual começa com o autocontrole. Isto é, começa de dentro para fora. No Salmo 37 vamos encontrar os passos necessários desse autocontrole para o bem-estar de cada ser humano.


1. “Confia no Senhor”;

2. “Agrada-te do Senhor”;

3. “Entrega o teu caminho ao Senhor”;

4. “Descansa no Senhor”;

5. “Não te irrites”;

6. “Deixa a ira”;

7. “Abandona o furor”;

8. “Não te impacientes”. A falta de autocontrole “acabará mal”. 

A conservação própria é, portanto, absolutamente indispensável a uma pessoa. Os vícios: cigarro, bebida, droga, sexo livre, jogatina, tão comuns entre o povo do mundo, são condenáveis entre os cristãos.


II. Ética social

A ética social trata dos deveres gerais do homem para com o próximo. O mesmo dever que o homem tem para consigo tem para com o seu semelhante. Visto que a existência contínua da pessoa lhe é absolutamente indispensável no cumprimento da sua missão moral, o grande dever do homem para com o próximo é procurar, por todos os meios lícitos, conservar-lhe o ser com todos os seus direitos. O nosso próximo tem direito à conservação da vida; tem direito ao exercício livre dos seus poderes; tem direito ao governo dos seus bens; tem direito à verdade em todas as suas relações; e, finalmente, tem direito ao acolhimento por um irmão.

Os fariseus perguntaram a Jesus: “Mestre, qual é o grande mandamento na lei? Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.36-39).

O primeiro mandamento trata da ética teísta, que é o tema da terceira divisão desta lição, e o segundo mandamento trata da ética social: amar o próximo como a nós mesmos. 

Vejamos como Paulo coloca o assunto: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” (Fp 2.3-4).

Jesus coloca, no segundo mandamento, o amor como o fundamento da ética social. Ninguém consegue conviver bem com o próximo se ele é desprovido do sentimento de amor. No famoso capítulo do amor, Paulo diz o seguinte: “O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba” (1Co 13.4-8). O amor, como definido nessa passagem bíblica, nada tem a ver com sentimentos ternos e calorosos de afeição. O amor ético não se expressa nas palavras eros ou fileos e, sim, na palavra “ágape”: amor incondicional. A segunda milha da ética social diz o seguinte: “Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem”(Rm 12.20-21).


III. Ética teísta

A ética teísta trata da aplicação dos princípios da lei moral ao procedimento do homem no relacionamento com Deus. Quando observamos a paixão de Cristo, deparamo-nos com duas hastes de madeira cruzadas. A haste vertical representa a relação de Deus com o homem e a haste horizontal representa a relação do homem com o próximo. 

A haste vertical é a ética teísta: os nossos deveres para com Deus. Os dez mandamentos podem ser colocados nessa dimensão. Os quatro primeiros tratam dos deveres para com Deus (ética teísta); os seis mandamentos seguintes tratam dos deveres para com nós mesmos e também para com o próximo – ética individual e social.

A ética teísta consiste numa devoção do homem todo, de tudo quanto ele é e possui, a Deus. De todos os deveres que o homem tem para com Deus, a devoção é o mais elevado, o mais nobre de todos os seus sentimentos. Quando Paulo, em Romanos 12.1 e 2, fala do “culto racional”, ele está falando do homem total em devoção a Deus. A devoção suprema do corpo, intelecto, coração e vontade.

A nossa relação com Deus é a relação-chave em nossa vida, por isso é que dessa relação dependem todas as outras. A pessoa que fica feliz nessa relação, também será em todas as outras de que trata a ética. O único meio pelo qual podemos cumprir os deveres em relação a nós mesmos e em relação ao próximo é o exercício da fidelidade no cumprimento dos deveres para com Deus. Por isso, dizemos que a ética teísta parte da devoção do homem a Deus. Isto é, uma entrega total, plena e irreversível da vida ao Senhor. Jesus disse à multidão juntamente com Seus discípulos: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8.34).


Conclusão

Temos visto até aqui que a ética cristã não é uma ciência independente, mas parte integral de todas as outras ciências. Cada segmento científico ou profissional tem o seu código de ética. O cristianismo como um segmento da grande sociedade universal tem o seu código de ética que é a Bíblia Sagrada. É nessa visão que Paulo diz a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16 e 17). A cada momento temos que tomar decisões com implicações pessoais, sociais e teístas. Temos que avaliar quais os efeitos das nossas ações sobre nós mesmos, sobre os outros e, acima de tudo, sobre o nosso Deus.


Reflita

Estou colocando essas áreas da ética na prática?

1. Ética individual. “cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus” (Rm 14.12).

2. Ética social. “Levai as cargas uns dos outros” (Gl 6.2).

3. Ética teísta. “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20.3).

Encerramos esta lição com as magníficas palavras de Jesus: “Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16). 

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