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segunda-feira, 22 de junho de 2020

O amor no seio da comunidade cristã


Pr. Luiz César Nunes de Araújo


Nós, os cristãos, enquanto aguardamos a volta de Cristo, temos deveres sociais e éticos, os quais são como parâmetros para nosso comportamento. Fazemos parte da sociedade e temos que exercer influência sobre ela. A igreja de Roma, destinatária do texto sagrado que estamos estudando nas lições 3 a 6, vivia num clima hostil ao evangelho. Eles deveriam, no entanto, exercer a vida cristã ativamente, brilhando no meio das trevas (Rm 13.11-14). O que determina o nosso proceder não é o sistema ao nosso redor, mas os critérios claros descritos na palavra de Deus (Rm 12.2). 

Nos pontos que se seguem, Paulo mostra mais cinco diretrizes para que o nosso comportamento seja como o verdadeiro fruto de nossa fé.


I. Alegrai-vos na esperança  (Rm 12.12)

“Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados  para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”. (1Pedro 3.15)

Paulo fala constantemente aos romanos sobre o tema da esperança (Rm 4.18; 5.2; 5.5; 8.24; 12.12 e 15.13). Talvez já os estivesse preparando para um futuro difícil. A alegria da esperança dos crentes ajuda-os a suportarem as cargas das reivindicações que se seguem: sofrimento, paciência, hospitalidade, perseguição e choro. Só quem mantém uma esperança viva em Cristo pode passar com alegria pelos caminhos citados. Martin Franzmann nos ensina que a esperança é um subproduto do amor. Paulo une os dois (1Co 13.7; Cl 1.4-5). Diz Franzmann: “A esperança cristã não apenas dá coragem e resistência em aflições prolongadas (v.12); mas dá ao cristão aquela largueza de coração que o torna receptivo às necessidades de seus ‘irmãos na fé’”. A esperança cria a capacidade de amar e bendizer os próprios perseguidores (Rm 12.14; Mt 5.44). 

Embora haja o sofrimento presente, o cristão se alegra nas promessas de Deus com esperança, e a finalidade da esperança é a redenção de nossa alma. “A expectativa do cumprimento de nossa fé enche-nos o coração de júbilo, a despeito das circunstâncias externas e das condições negativas que vez por outra afligem a vida de todos nós” (Champlin). Alegria e ânimo nos são proporcionados quando contemplamos, pela fé, a concretização de nossa esperança espiritual em Cristo.


II. Sede pacientes na tribulação (Rm 12.12)

“Porque os olhos que choraram e sofreram serão para sempre diferentes de todos os outros olhos.” (Rubem Alves)

A esperança cristã nos dá coragem e resistência em aflições prolongadas, que exigem paciência.

As perseguições e as tribulações podem redundar em benefícios para os crentes (At 14.22), bem como para o evangelho (Fp 1.12-14). É no sofrimento que entendemos quanto somos dependentes da graça de Deus (2Co 12.10). Nas tribulações, crescem as pessoas, as famílias, a igreja e a nação. Esses grupos tomam um propósito de unidade em meio ao sofrimento. A tribulação nos torna conselheiros sábios e experimentados (1Co 1.3-5). A tribulação pode ajudar a nossa purificação espiritual, livrando-nos de pecados e imperfeições (2Co 7.10); Jesus nos deixou o exemplo (Hb 2.10; 5.8). Em todas as formas de tribulações, entretanto, precisamos ter paciência, sabendo que a tribulação promove a paciência, que a paciência forma o bom caráter, e este, por sua vez, gera esperança. E na esperança não somos confundidos (Rm 5.3-5 e Tg 1.2-4).


III. Perseverai na oração (Rm 12.12)

“Não importa quão grande seja a pressão. O que importa, na verdade, é onde está a pressão: a pressão separa você de Deus ou empurra-o para mais perto de Deus? Você está sentindo uma forte pressão hoje? Está começando a ficar deprimido? Quando você estiver orando, hoje, tire o fardo de suas costas,  e coloque-o nas costas de Deus. Ele sabe como lidar com os fardos. Ele tem cuidado de você! Transforme esse momento tranquilo de devoção numa experiência que liberta pressões.” (Hudson Taylor)

As aflições normalmente levam o crente a orar mais. No entanto, quando não desenvolvemos a paciência na oração, dificilmente perseveramos na sua prática.

A combinação sofrimento, paciência e oração já fora citada antes por Paulo (Rm 8.18, 25 e 26) e aparece sempre no contexto de esperança cristã. Os crentes devem ser perseverantes na oração, pois é em oração que eles encontram consolo para as suas tribulações (Ef 6.18; Fp 4.6).

Paulo vinha exaltando as graças cristãs, e todas elas estão arraigadas à oração e nela se desenvolvem. “As qualidades em que o apóstolo confiava que distinguiam os cristãos só podem ser sustentadas por meio de uma dependência constante e consciente de Deus. À parte da oração desconheceremos o sentido da alegria, não compreenderemos a paciência” (G. R. Grogg).

Uma vida transformada tem a oração como um instrumento crucial para o seu comportamento cristão.

Quando surgem as aflições, geralmente oramos, mas muitas vezes não perseveramos nesse intento. A continuação na oração é uma necessidade, devemos “orar sem cessar” (1Ts 5.17).

Esse exercício contínuo da oração é coerente com a vida cristã disciplinada e exaltada pelo apóstolo Paulo (1Co 9.26; Fp 3.14; 2Tm 2.3‑5). Também o escritor aos Hebreus naturalmente pensa sobre o corredor que, no estádio, esforça-se por alcançar o prêmio (Hb 12.1).


IV. Compartilhai as necessidades dos santos (Rm 12.13)

“A esperança cristã não apenas dá coragem e resistência em aflições prolongadas,  mas, também, dá ao cristão aquela largueza de coração que o torna receptivo às necessidades de seus irmãos.” (Martin Franzmann)

Segundo Paulo, os crentes têm uma responsabilidade social com os demais irmãos na fé, especialmente em tempo de tribulação. O apóstolo conclamou os gálatas a fazer o bem, especialmente aos da família da fé (Gl 6.10). O próprio Paulo estava muito ativo em levantar uma oferta para os santos pobres em Jerusalém (Rm 15.26). João, semelhantemente, ressaltou a providência para as necessidades dos irmãos (1Jo 3.17). Tiago confirma esse princípio (Tg 2.15-16). A marca mais alta do amor cristão é o amor aos irmãos. Jesus disse: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.35).

Isso não significa que os cristãos devam se preocupar socialmente apenas com os cristãos. A Bíblia está repleta de evidências de que os crentes devem fazer o bem a todos os homens. A solicitude social dos cristãos deve começar com sua própria família (1Tm 5.8; 1Ts 4.11,12) e com os outros crentes, mas não deve terminar aí (1Tm 6.18; Mt 25.35-46 e Gl 6.9-10).

Muitas igrejas, para dar seguimento a essa orientação bíblica, têm criado ministérios que organizam e incentivam a assistência aos santos. 


Aplicação

Sua igreja tem assistido aos santos? Sua igreja tem se estruturado para essa tarefa? A orientação é bíblica!


V. Praticai a hospitalidade (Rm 12.13)

“Não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem o saber,  alguns acolheram anjos.” (Hebreus 13.2)

A hospitalidade é uma forma especial de prestar assistência aos santos, especialmente a cristãos exilados, perseguidos ou desabrigados.

Desde o princípio do cristianismo, essa qualidade vem sendo considerada como um dos deveres importantes de fé (Hb 13.2; 1Tm 3.2; Tt 1.8 e 1Pe 4.9).

“Muitos dos crentes viviam como estrangeiros no mundo, distantes de seu país nativo, algumas vezes enfrentando circunstâncias hostis. A hospitalidade nestas condições tornava-se uma importantíssima manifestação de amor cristão” (Champlin). O que Paulo está dizendo é que a hospitalidade não deve apenas ser fornecida, mas perseguida. A melhor tradução seria “persegui a hospitalidade”. É bom lembrar que Paulo diz a Timóteo que os líderes têm uma obrigação maior de praticar a hospitalidade (1Tm 3.2); ainda que seja um mandamento para todos os crentes.

Cabe aqui uma palavra de alerta: muitos crentes e igrejas, no propósito genuíno de cumprirem esse mandamento, têm sido vítimas de falsos cristãos que lhes causam grandes prejuízos. É necessário muito cuidado. Sejamos simples como as pombas, mas astutos como as serpentes (Mt 10.16) para cumprir esse mandamento sem colocar em risco os familiares e demais pessoas. Na dúvida, a liderança da igreja deve ser consultada. 


Conclusão

Estamos diante de mandamentos que enfatizam o comportamento ético cristão; mandamentos que só podem ser obedecidos se a nossa vida estiver entregue incondicionalmente no altar do Senhor (Rm 12.1). 

Fazendo assim, demonstraremos uma natureza transformada e autenticidade na comunhão com Deus, e muitas pessoas conhecerão melhor o Senhor, observando nosso comportamento verdadeiramente cristão (Mt 5.13-16).

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