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segunda-feira, 22 de junho de 2020

Amor para com todos


Pr. Luiz César Nunes de Araújo


O apóstolo Paulo vem descrevendo com muita coerência a ética do comportamento cristão. A lição anterior enfatiza o amor no seio da comunidade cristã. O amor é o grande princípio normativo dessa ação. Na comunidade do povo de Deus cada crente é chamado para efetivar o amor ao próximo por meio de ações. A partir do versículo 14, Paulo mostra que esse princípio do amor cristão deve aplicar-se abarcando também o mundo exterior. Deus amou o mundo (Jo 3.16), isto é, a humanidade inteira; espera-se dos crentes a mesma amplitude de amor. 

Uma clara demonstração do amor de Deus pode atrair as pessoas para o reino do Salvador. "Quando ainda estávamos sem forças, Cristo morreu a Seu tempo pelos “ímpios”. Deus recomendou o Seu amor para conosco quando ainda éramos “pecadores”, e isso foi demonstrado pelo fato de que Cristo morreu por tais pecadores. (cf. Rm 5.6, 8). Nisso percebemos o princípio divino do amor em operação, que se baseia em si mesmo, e não no objeto amado. O amor é um princípio fixo da natureza divina, não é algum benefício que opera somente em favor dos objetos que lhe são agradáveis. Deus achou por bem amar, e assim amou ao mundo. O amor de Deus, entretanto, é um poder transformador que pode modificar completamente o objeto amado.” (Champlin)


Vejamos o que, à sombra do amor de Deus, podemos investir nas outras pessoas e em nós mesmos.


I. Abençoai os que vos perseguem (Rm 12.14)

“Em Cristo encontrai o possível no impossível; levai à morte o ressentimento da natureza humana, deixando tudo aos pés de Cristo, no hálito de seu amor.” (Moule)

Se a esperança cria largueza de coração para com os perseguidos, também cria a capacidade de amar e bendizer os próprios perseguidores. O mandamento do Senhor é amar e bendizer os nossos inimigos e perseguidores (Mt 5.44). Nas promessas das bem-aventuranças, Jesus fala da reação correta em relação à perseguição (Mt 5.10-12). Pedro igualmente ordena que evitemos a vingança e que abençoemos os que nos injuriam. Abençoar é uma atitude bastante condizente com os filhos de Deus. Os que não são do Senhor têm facilidade em maldizer as outras pessoas. 

Algumas vezes as crises pelas quais passamos podem nos levar a um sentimento de vingança em relação às pessoas que nos prejudicam. É aí que se percebe a diferença de estar em Cristo: o mesmo sentimento que Nele habitou deve estar em nós (Fp 2.5). “Ter a boca cheia de amargura é uma das grandes características dos homens não regenerados, o que de forma alguma convém àqueles que proferem o nome de Cristo” (John Gill).

É bom que cada um reflita no que tem falado a respeito das autoridades, dos líderes religiosos e das pessoas ao redor. Cada um de nós deve aprender a falar bem a respeito dos outros (Tg 3.9-12).


II. Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram (Rm 12.15)

“Não convém a nenhum crente aspirar ambiciosamente aquelas coisas mediante as quais poderá ultrapassar a outros, e nem lhe convém assumir uma experiência exaltada e altiva; bem pelo contrário, compete-lhe humildade e mansidão.” (João Calvino)

Paulo fala na graça cristã da empatia, que é a capacidade de se identificar com a outra pessoa, de sentir o que ela sente (Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, 2002).

Quanto mais a pessoa vai se tornando parecida com Cristo, mais se deixará mover de empatia com outras pessoas. A largueza de coração criada pela esperança cristã torna o homem sensível às alegrias e tristezas dos outros em geral.

Crisóstomo nos adverte que é mais fácil chorar com os que choram do que se alegrar com os que se alegram. Porque é comum à natureza humana chorar pelos que sofrem, contudo, podemos cair no pecado da inveja ao vermos uma pessoa obtendo sucesso. No entanto, quem ama ficará sempre feliz com a alegria da pessoa amada.

“Quanto mais egoísta formos, tanto menos inclinados à empatia seremos. Em contrapartida, quanto mais altruístas formos, tanto maior será a nossa empatia por nossos semelhantes.” (Champlin)

Esforcemo-nos por possuir a mente compassiva e cheia de empatia. Que nosso coração se deixe tocar pela aflição alheia!


III. Tende o mesmo sentimento uns para com os outros (Rm 12.16)

“Unidade é o compartilhar incondicional de nossa vida com os outros membros do corpo de Cristo.” (R. J. Sider)

A edição da Bíblia revista e corrigida (ARC) traduz o v.16 da seguinte forma: “Sede unânimes entre vós”. De fato, Paulo está focalizando a necessidade de harmonia entre os irmãos. A harmonia é um dos resultados naturais do amor, da mesma forma que a dissensão, os conflitos e a confusão são resultados perfeitamente naturais do orgulho e da vaidade.

A harmonia entre nós é produzida pela operação amorosa do Espírito Santo, a qual produz todo o seu fruto em nós. As relações harmoniosas então devem ser buscadas e mantidas no seio da comunidade cristã (Rm 15.5; 2Co 13.11; Fp 2.2 e 4.2). O próprio Senhor Jesus nos informou que a nossa unidade é um meio eficaz para o testemunho cristão (Jo 17.23).


IV. Condescendei com o que é humilde (Rm 12.16)

“A humildade é a base de toda a virtude, e aquele que desce mais é quem edifica com maior segurança.” (Philip J. Bosley)

Cada crente deve identificar-se com os demais. Não pode haver distinção que promova a divisão do corpo de Cristo. É bom lembrar que os romanos, para quem primeiramente foi endereçada essa carta, tinham escravos. Quão difícil deve ter sido para alguns indivíduos destacados se misturarem e tratarem como iguais aos escravos de sua casa! Cristo trouxe uma nova ordem, pois em Sua família o prestígio social não mais distingue os filhos.

O crente deve se deixar atrair também por pessoas de menor influência na igreja. Não se deve privilegiar a quem tem uma melhor posição social e intelectual. Este é um sinal de uma igreja sadia: os irmãos de classes sociais distintas convivendo com igualdade e amor (At 2.42-44).

Os títulos e a aristocracia de alguns irmãos mais privilegiados deviam ficar fora do convívio da comunhão cristã (Tg 2.1-9).

“Rebaixai-vos à condição de humilde, andando ou caminhando ao lado deles; não sendo humilde tão somente na atitude mortal, mas ajudando-os igualmente, e estendendo a mão para eles.” (Crisóstomo)


Aplicação

Procure observar se os irmãos de condição mais humilde de sua igreja têm sido acolhidos pelos demais. Tome você mesmo a iniciativa dessa tarefa.


V. Não sejais sábios aos vossos próprios olhos (Rm 12.16)

“A coisa trivial, a tarefa comum, fornecerá tudo quanto devemos pedir: ocasião para negarmos a nós mesmos, um caminho que nos leve cada dia mais perto de Deus.”  (Keble)

O apóstolo Paulo orienta que o amor cristão elimine o orgulho e a presunção. O nosso modelo é o Senhor Jesus, que Se humilhou, antes que fosse exaltado (Fp 2.2-5). O próprio Jesus foi quem disse: “aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração” (Mt 11.29).

É um perigo para o cristão começar a se comparar com os seus irmãos e julgar-se melhor. Muitas vezes, os que querem se mostrar “mais espirituais” são os mais orgulhosos e quase nunca aceitam a orientação de seus líderes. O final é sempre a queda espiritual e a divisão da igreja.


“Temível é aquela atitude mental, possível até mesmo para o homem de propósitos espirituais mais intensos, que supõe que nada mais tem para aprender.” (Champlin)

O cristão não deve se ensoberbecer, pois Cristo convoca para amar e o amor não ensoberbece (1Co 13.4). Pelo contrário, se há algum motivo para se gloriar, é no Senhor (Sl 44.8; Jr 9.24; Rm 5.11, 1Co 1.31; Gl 6.14).


Conclusão

Admoestações à unidade, humildade e compreensão compassiva e advertência contra o orgulho não estão fora de propósito quando se fala da tribulação presente e da esperança que triunfa sobre a tribulação; as palavras de Paulo à igreja de Filipos, que experimentava aflições, o demonstram (Fp 1.29-2.4; cf. 2.14-18; 4.2). A tribulação que atinge a todos e o prospecto do mesmo martírio não garantem por si só união e humildade na igreja atribulada. Realmente, Romanos 12.16-17 parece ser um comentário do pensamento expresso em Filipenses 4.5: “Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens”. Paulo roga aos cristãos de Filipos que deixem todos ver neles, tanto amigos como inimigos, a igreja perseguida, o comportamento digno de reis, que advém da consciência que se tem da própria força. A força da igreja reside em sua esperança. Paulo apresenta o motivo e a dinâmica para esta serena moderação nas palavras: “Perto está o Senhor” (Fp 4.5).

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